terça-feira, 1 de maio de 2012

Discussão sobre "O estrangeiro" - Albert Camus


O protagonista nos causa revolta, revolta que pode ser definida em uma só palavra, indiferença, uma vez que este aparentemente não demonstra suas emoções para os outros ou até mesmo para com a vida, analisa tudo, pensa tudo e observa tudo metodicamente, assim, na minha opinião é “levado” ao longo de sua história por outros personagens que “montam” sua vida por ele, consegue um melhor amigo, uma namorada...
 O que mais intriga é sua própria noção de mundo, quero dizer, aparentemente ele tem seu próprio mundo, vive nele, onde esta quase sempre estático, não busca nada, não pretende atingir nada, mas ao mesmo tempo tem noção de tudo ao seu redor, apenas escolhe não ouvir quando lhe chateia algo ou simples e totalmente ignorar algumas coisas.
Logicamente este protagonista é extremamente mal compreendido e apesar de em seu pequeno circulo de amizades tudo “fluir” quase automaticamente, um evento o leva a ser condenado a morte. Aqui sua indiferença leva todos a acreditarem que ele é algum psicopata, frio, calculista e este é incapaz de defender-se pois simplesmente acha que não é necessário, ou algumas vezes casos que para ele eram normais, como não chorar na morte de sua mãe, aos olhos da sociedade eram nada menos que terríveis. Fora julgado então por não corresponder a varias expectativas “emocionais” diante de algumas situações, como quando cita que atira num homem com uma breve pausa, esta pausa que foi interpretada como um ato criminoso e doentio, era nada mais do que uma pausa para ele olhar para o sol que atrapalhava sua visão, ou escutar o silêncio que morria após seu primeiro tiro na praia deserta.
Ao fim seu maior e único conflito pessoal é com um padre que conversa com ele logo antes de ser morto, conversam sobre varias coisas e entre elas ele demonstra sua falta de fé, o que obviamente para o padre é um problema tremendo, porém o que mais espanta o padre é esta indiferença, essa escolha de não se exaltar, não temer a morte iminente.
A minha conclusão então é que o estrangeiro, ou o estranho(titulo original), fala sobre o próprio protagonista em sua vida, vivendo mas não vivendo-a, somente passando indiferente a tudo o que lhe acontecia sem reagir minimamente a maioria das situações a ponto de não ligar, de maneira geral, em perder sua própria vida.
Afim de entender o por que deste livro pesquisei brevemente sobre Albert Camus e encontrei uma indução feita pelo mesmo que conseguiu me satisfazer quanto ao por quê do protagonista: “Como temos consciência, sentimos que a vida tem sentido. Mas sabemos que o universo como um todo não tem sentido. Nossa vida é uma contradição. Para viver bem, precisamos superar essa contradição. Podemos fazer isso aceitando a falta de sentido na existência. A vida será mais bem vivida se não tiver sentido.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário